Flamengo sem enrolação.

Tag: libra futebol brasileiro flamengo

  • Libra: A Liga Que Pode Mudar o Futebol Brasileiro — e Por Que o Flamengo é o Pivô Dessa Revolução

    Libra: A Liga Que Pode Mudar o Futebol Brasileiro — e Por Que o Flamengo é o Pivô Dessa Revolução

    A Libra (Liga do Futebol Brasileiro) nasceu como a tentativa mais organizada até hoje de profissionalizar e modernizar a gestão do futebol nacional. Inspirada em modelos europeus como a Premier League inglesa e a LaLiga espanhola, a Libra foi criada oficialmente em 2022, reunindo clubes da Série A e B do Campeonato Brasileiro que buscavam maior autonomia na negociação de direitos de transmissão e no gerenciamento do calendário. A proposta central é simples: transformar o Brasileirão em um produto mais rentável e competitivo, deixando para trás a dependência da CBF.

    O embrião da Libra surgiu em meio ao caos administrativo e financeiro de clubes endividados, dívidas trabalhistas e receitas desiguais. Os primeiros passos começaram com conversas entre Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Santos e Corinthians — o chamado “G5” — interessados em um modelo de liga mais lucrativo e previsível. Logo depois, clubes como Grêmio, Bahia e Cruzeiro aderiram à ideia, buscando uma voz mais forte nas decisões comerciais.

    Na prática, a Libra funciona como uma associação privada entre clubes, que têm poder de voto proporcional e participam da elaboração de regulamentos, distribuição de receitas e estratégias de marketing. O principal ponto de divergência, desde o início, foi justamente o critério de divisão do dinheiro dos direitos de TV: quanto cada clube deveria receber e com base em quais indicadores — torcida, desempenho, ou audiência.

    Entre as regras básicas da Libra, está o compromisso de criar um conselho gestor, responsável por decisões estratégicas, além de um modelo de governança com transparência e auditorias independentes. Há também uma cláusula que prevê um teto para desigualdade: a diferença entre o clube que mais ganha e o que menos ganha não pode ultrapassar uma proporção predefinida (discutida entre 3,5:1 e 4,5:1). A ideia é garantir equilíbrio competitivo, sem matar o interesse esportivo.

    Uma curiosidade importante é que, mesmo com a Libra avançando, existe uma liga concorrente: a Liga Forte Futebol (LFF), que reúne clubes como Internacional, Fluminense, Athletico-PR e Ceará. A rivalidade entre as duas entidades mostra que, apesar do consenso sobre a necessidade de uma liga, ainda há profundas divergências sobre como o dinheiro e o poder devem ser distribuídos.

    O papel do Flamengo na Libra é central — e controverso. O clube carioca foi um dos primeiros a defender a criação da liga, mas também o principal motivo de resistência de outros clubes. O Flamengo reivindica uma fatia maior das receitas, argumentando que seu peso de marca, audiência e alcance internacional justificam uma remuneração proporcional. Seus dirigentes citam como exemplo o modelo inglês, em que clubes como Manchester United e Liverpool recebem mais pela exposição global.

    Essa postura dividiu o grupo: alguns clubes veem o Flamengo como locomotiva natural do futebol brasileiro, capaz de atrair investimentos e elevar o padrão do campeonato. Outros o enxergam como o “grande vilão”, tentando monopolizar receitas e enfraquecer o equilíbrio financeiro. A discussão não é nova — reflete décadas de centralização e favoritismo das grandes torcidas nas negociações comerciais do país.

    No campo político, o Flamengo atua como articulador de bastidores e defensor da meritocracia de mercado. O clube argumenta que a Libra precisa ser sustentável e competitiva internacionalmente, e não apenas igualitária. Essa visão empresarial é vista por muitos analistas como o ponto de ruptura entre o idealismo e a realidade financeira do futebol moderno.

    Ainda assim, a presença do Flamengo tem sido essencial para atrair patrocinadores e credibilidade institucional. Sem o clube mais popular e midiático do país, a Libra teria menos força comercial. É o típico paradoxo: o mesmo ator que gera tensões internas é também o que dá sustentação à iniciativa.

    Se a Libra prosperar, o Brasileirão poderá finalmente dar um salto de qualidade em gestão, transparência e rentabilidade. Mas enquanto Flamengo e os demais clubes não chegarem a um consenso sobre o modelo de divisão, a liga corre o risco de permanecer no papel — mais uma boa ideia emperrada por velhos vícios da cartolagem brasileira.

    Quais clubes fazem parte da Libra?