No último sábado, acompanhei com atenção o jogo entre Flamengo e Fortaleza, realizado na Arena Castelão, e o que parecia ser uma parada confortável para o time carioca acabou se tornando um verdadeiro tropeço — tático, emocional e prático. A derrota por 1 a 0 expôs fragilidades que talvez vinham sendo escondidas sob o manto da invencibilidade ou das boas partidas recentes.
Desde o apito inicial, era claro que o Fortaleza apostaria em transições rápidas e em explorar os espaços deixados pelo Flamengo — que preferiu manter posse de bola, toque no meio-campo e paciência ofensiva. Essa insinuação já aparece: “Optando por jogar por dentro, a equipe facilitou a marcação adversária e demonstrou mais uma vez dificuldade contra times que ficam atrás e fazem a transição rápida.” ge+1 Para o Flamengo, essa escolha tática virou problema: o volume de bola não se traduziu em chances claras, enquanto o adversário aguardava a chance perfeita.
Logo aos 11 minutos, o gol de Breno Lopes (aproveitando passe de Herrera) ratificou o plano do Fortaleza: pouco tempo de posse, mas letalidade na finalização. Flapress+1 O Flamengo, mesmo com mais iniciativa, foi punido rapidamente. E aí começa o primeiro grande ponto de análise: a referência ofensiva. O time de Filipe Luís entrou desfalcado de Pedro, e a escolha de Bruno Henrique como centro‐avante pareceu equivocada: “o ataque inoperante” foi frase recorrente nos portais. ge Sem alguém fixo ou com presença de área, a equipe oscilou em mobilidade, mas faltou presença.
No aspecto defensivo, o Flamengo também mostrou fissuras — em especial pelo corredor direito, onde o Fortaleza encontrou mais espaços. Em “Atuações do Flamengo”, o lateral-direito e a proteção dessa via foram avaliados como pontos ruins: “Fortaleza achou os principais espaços pelo lado direito da defesa do Flamengo no primeiro tempo.” ge É curioso porque um time com essa pretensão de título não pode ter essa vulnerabilidade flagrada sem resposta rápida.

Falando em resposta: o Flamengo demorou a “entrar no jogo”. O técnico reconheceu isso: “Cometemos cada vez mais erros e demoramos a entrar no jogo.” ge A sensação era de que era preciso reagir, acelerar, mas as peças pontuais só começaram a funcionar perto do intervalo. A partir dali, com deslocamento de Plata para o centro e movimentações mais agressivas, o time melhorou, mas o placar adverso já pesava.
Taticamente, percebe‐se um erro de concepção: o Flamengo acreditou na posse como remédio, mas esqueceu que o adversário organizou bem sua estrutura defensiva — o Forteza fechou linhas, cobriu bem as costas dos alas e esperou o momento certo para “matar”. Flapress+1 Em contrapartida, o Rubro-Negro manteve posse sem progressão eficiente, o que gerou frustração e perda de fluidez.
Também vale destacar a substituição tardia ou sem tão grande impacto do lado carioca. Quando as trocas aconteceram, o jogo já estava moldado. O Fortaleza respondeu com mudança de “ferrolho”: 4-5-1 para 5-4-1, reforçando o meio no segundo tempo para suportar a pressão e segurar o resultado. ge+1 Já o Flamengo tentou com velocidade nas alas, cruzamentos, mas esbarrou na organização adversária e na falta de cabeceio ou infiltração decisiva.
Moralmente, o tropeço vem em hora ruim. O Flamengo tinha a chance de ampliar a vantagem na tabela, impor marca, e acabou cedendo três pontos que agora fazem falta — inclusive para manter o ritmo de pressão sobre adversários diretos. O Fortaleza, por sua vez, ganhou fôlego — “se agiganta” foi termo usado por reportagens. ge
Para o time carioca, fica o aprendizado: quando o plano A (posse, ritmo, controle) não funciona, é preciso ter plano B robusto — profundidade, infiltração, presença de área ou velocidade de ruptura. Quando isso falta, times de menor orçamento e maior abnegação como o Fortaleza podem surpreender. E isso foi o que aconteceu.
Como torcedor e blogueiro, fico com aquele sentimento de “era pra ganhar, mas não ganhamos”. Agora, resta renovar – mentalmente e taticamente – para os próximos desafios. Porque no Campeonato Brasileiro de pontos corridos, pode-se tropeçar um vez. Mas não pode se acostumar.


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