Flamengo sem enrolação.

Categoria: Resumo do Fla

Resumo das Notícias que você precisa saber sobre o Flamengo.

  • Bruno Henrique: da várzea de BH ao panteão rubro-negro

    Bruno Henrique: da várzea de BH ao panteão rubro-negro

    Bruno Henrique Pinto nasceu em Belo Horizonte em 30 de dezembro de 1990 e virou sinônimo de decisão no Flamengo. Atacante de 1,84 m, acostumado a atuar como ponta ou segundo atacante, ele construiu uma carreira de impacto com aceleração rara, faro de gol e potência em jogos grandes. Antes de brilhar no Maracanã, porém, sua trajetória passou por atalhos improváveis — um caminho que ajuda a explicar a fome competitiva que o torcedor conhece hoje. Transfermarkt+1

    A origem é de futebol de várzea em BH. Sem espaço nas bases de Cruzeiro, Atlético-MG e América-MG, “Bruninho” conciliou estudos e trabalhos informais — inclusive como recepcionista — enquanto jogava em campos de terra. O ponto de virada veio na Copa Itatiaia de 2012, pela equipe amadora Inconfidência, quando foi eleito o craque do torneio; dali, enfim, surgiram portas no futebol profissional. ESPN.com+1

    Valor de Mercado:

    Profissionalmente, a rota foi em degraus: vínculo com o Cruzeiro (sem jogos oficiais), empréstimos e retorno ao Uberlândia, um período marcante no Itumbiara e a arrancada no Goiás, em 2015, onde chamou a atenção pela velocidade e agressividade atacando espaço. O desempenho o levou ao Wolfsburg, da Alemanha, e depois ao Santos, já com status de atacante de Série A consolidado. Wikipedia

    No Santos, viveu altos e baixos — e encarou o episódio mais duro da carreira: uma lesão ocular em 2018 que, segundo o próprio, “quase o deixou cego”. A recuperação foi longa e moldou a mentalidade de sobrevivente que ele exibe até hoje. “Olho para trás e me considero um vencedor”, diria mais tarde, ao receber o Bola de Prata. ESPN.com+1

    Em janeiro de 2019, Bruno Henrique chegou ao Flamengo e explodiu. Foi artilheiro do Carioca, emp pilhou clássicos com gols decisivos e terminou o ano como um dos protagonistas do Brasileirão e, sobretudo, da Copa Libertadores: campeão, eleito Melhor Jogador do torneio e peça-chave na arrancada até Lima. Na sequência, marcou na semifinal do Mundial contra o Al Hilal. A temporada de 2019 sedimentou a imagem do “rei dos clássicos” e de atacante talhado para decisões. Wikipedia

    O período no Fla também rendeu Seleção Brasileira: em 2019, Tite o convocou para amistosos nos Estados Unidos, coroando a ascensão meteórica de quem saíra da várzea poucos anos antes. Para um atleta que estreou tardiamente em grandes palcos, vestir a Amarelinha funcionou como selo definitivo de nível internacional. Wikipedia

    Depois dos picos, vieram curvas: tempos de adaptação, momentos de oscilação física e técnica, e novas retomadas. Em janeiro de 2024, o Flamengo anunciou a renovação de contrato até 2026 — um voto de confiança no impacto esportivo e na liderança do camisa 27. Em abril de 2025, ele alcançou a marca de 300 jogos pelo clube, testemunho de longevidade e relevância num elenco permanentemente pressionado por títulos. Wikipedia

    O pacote técnico segue muito atual: arranque curto devastador, leitura para atacar o segundo pau, cabeceio agressivo, diagonais de ruptura e a capacidade de “ligar o turbo” em jogos grandes, onde o ritmo esquenta. Ex-técnicos o definiram como “jogador completo” do lado esquerdo — alguém que muda jogos tanto atacando profundidade quanto finalizando jogadas. Wikipedia

    A biografia recente também registra um ponto sensível fora de campo: em 2024/2025, Bruno Henrique foi alvo de investigação por suposta participação em manipulação de apostas, caso ainda em tramitação. A defesa nega envolvimento, e o processo segue seu curso. Por ora, trata-se de um capítulo jurídico que convive com a rotina esportiva e que exigirá veredicto das autoridades competentes. Wikipédia+1

    Olhar a história por inteiro — do recepcionista que brilhava na Copa Itatiaia ao MVP da Libertadores — ajuda a entender por que o torcedor rubro-negro se identifica tanto com Bruno Henrique. Ele é, no fundo, a narrativa da superação aplicada ao alto rendimento: um atacante que precisou ganhar cada centímetro de gramado, e que transformou esse caminho pouco ortodoxo em combustível para seguir decisivo no maior palco do país. ESPN.com

  • Bilhões em campo: Flamengo vale 4 vezes o Estudiantes

    O Lance! Biz publicou nesta quinta (18/09, 08h00) um raio-X dos valores de mercado antes de Flamengo x Estudiantes, destacando a disparidade entre os elencos. LANCE!

    Segundo o levantamento, o Flamengo é avaliado em €195,1 mi (≈ R$ 1,2 bi), enquanto o Estudiantes soma €45,5 mi (≈ R$ 286,1 mi). LANCE!

    O texto lembra que o Fla é o 2º elenco mais caro da América do Sul, atrás apenas do Palmeiras (€212 mi). LANCE!

    No Top-5 rubro-negro: Samuel Lino (€22 mi), Pedro (€20 mi), Léo Ortiz (€15 mi), Arrascaeta (€15 mi) e Nico De La Cruz (€12 mi). LANCE!

    No lado argentino: Tiago Palacios (€3,5 mi), Facundo Farías (€3,2 mi), Santiago Núñez (€2,7 mi), Gastón Benedetti (€2,2 mi) e Gabriel Neves (€2,0 mi). LANCE!

    O histórico do confronto tem 8 jogos: 3 vitórias do Fla, 4 empates e 1 triunfo do Estudiantes; gols: 9×5 para o Rubro-Negro. LANCE!

    Nos placares mais elásticos: Fla 3–0 (1988, Maracanã) e Fla 2–0 (1991, La Plata); o Estudiantes venceu por 2–0 em 1994. LANCE!

    Em termos práticos, a diferença de quase €150 mi de valor de mercado ilustra profundidade e qualidade do elenco do Fla — mas não garante resultado em mata-mata. LANCE!

    O Estudiantes chega mais barato, porém organizado e competitivo, apostando em intensidade e bola parada para nivelar o duelo. (Síntese interpretativa do artigo.) LANCE!

    Resumo da ópera: pressão e favoritismo são do Flamengo; a tradição copeira do Estudiantes tenta transformar o abismo financeiro em jogo. LANCE!

  • Flamengo x Estudiantes: onde ver e escalações

    Quando e onde ver: jogo de ida das quartas da Libertadores no Maracanã, quinta (18/09), 21h30 (Brasília). Transmissão na ESPN (TV) e Disney+ (streaming). Trivela

    Flamengo — provável XI: Rossi; Varela, Léo Ortiz, Léo Pereira, Ayrton Lucas; Saúl, De la Cruz, Arrascaeta; Plata, Pedro, Samuel Lino.
    Retornos: Bruno Henrique (poupado no último jogo) e Varela (recuperado).
    Desfalques: Jorginho (coxa), Alex Sandro (panturrilha) e Erick Pulgar (fratura no metatarso). Trivela

    Estudiantes — provável XI: Muslera; Román Gómez, González Pírez, Facundo Rodríguez, Arzamendía; Ascacíbar, Amondarain, Palacios, José Sosa, Cetré; Facundo Farías.
    Desfalques: Eric Meza (coxa) e Joaquín Tobio Burgos (região pélvica). Trivela

    Clima do confronto: ida no Rio, volta em La Plata; argentinos chegam confiantes por boas atuações fora (três vitórias como visitantes na campanha), apesar do peso do Maracanã.

  • Mil testemunhas, caos e classificação: quando o Estudiantes caiu pro Fla

    O último triunfo do Flamengo sobre o Estudiantes foi em 1992 e o retrospecto geral tem três vitórias rubro-negras, quatro empates e uma derrota. Isso é bom. ge

    Por causa da tragédia na arquibancada do Maracanã naquele ano, o jogo de ida foi levado a Moça Bonita, em Bangu, com apenas 1.072 pagantes. ge

    Antes da bola rolar houve protesto formal dos argentinos à Conmebol sobre gramado, banco de reservas e até a medida de uma trave — a partida foi mantida. ge

    Os contextos eram distintos: o Flamengo recém-pentacampeão brasileiro; o Estudiantes penúltimo no Argentino e estreando o técnico Luis Garisto. ge

    Num jogo amarrado, o Fla criou pouco; Gaúcho chegou a marcar no 1º tempo, mas o gol foi anulado por impedimento. ge

    Na etapa final, Paulo Nunes sofreu pênalti e Gaúcho converteu: 1–0 e vantagem para o Rubro-Negro. ge

    Após o apito final, confusão geral: Júnior Baiano se envolveu em briga e acertou um tapa no zagueiro Iribarren. ge

    Na volta, em La Plata, o 1–1 classificou o Fla: passe de Júnior para Marquinhos abrir; Siviski empatou num belo voleio. ge

    Dois anos depois, 1994, o Estudiantes deu o troco: 0–0 no Rio e 2–0 na Argentina, avançando na Supercopa. ge

    O especial fecha reforçando o peso histórico do confronto e o contexto da reedição do duelo em 2025. ge

  • Por que Arrascaeta é o melhor meio-campo do Brasil?

    Arrascaeta vive, em 2025, um nível de influência que rivaliza com o ano mágico de 2019 — e em alguns recortes, supera. Em nove meses, ele já igualou os 18 gols daquela temporada, reabrindo o debate sobre qual versão é mais decisiva para o Flamengo. ge

    Quando olhamos apenas para gols que mudam o placar (empate ou desempate), o 2025 leva vantagem: são 12 contra 11 de 2019. Em jogos em que foi decisivo, o aproveitamento do Flamengo também está ligeiramente acima: 81,2% em 2025 versus 80,7% em 2019. ge

    Se somarmos gols e assistências que mudam o placar, 2019 ainda tem a dianteira (20 a 16). A diferença ilustra mais o peso coletivo daquele time do que uma queda individual: o uruguaio segue alterando resultados, mas divide protagonismo em um elenco mais distribuído. ge

    No volume total de participações (gols + assistências em qualquer contexto), o retrato também é equilibrado: 37 em 2019 contra 31 em 2025 até aqui — lembrando que a temporada atual ainda está em andamento. ge

    A separação por torneio ajuda a entender o impacto. Em 2025, Arrascaeta concentra mais participações no Brasileiro e mantém presença na Libertadores, enquanto em 2019 ele pulverizou números de forma parecida, incluindo Mundial. O padrão é o mesmo: decisão em jogo grande. ge

    Além do recorte anual, há feitos de carreira que explicam a alcunha de “melhor do Brasil”: em agosto, ele se tornou o maior garçom da história do Brasileirão (78 assistências), um selo de regularidade que poucos atingem. ge

    Outro marco recente: o raio-x das 100 assistências com a camisa do Fla — uma a cada 255 minutos — mostra um meia que combina técnica, leitura e constância ao longo de anos, não apenas picos sazonais. ge

    Em 2025, com físico em dia e menos lesões, Arrascaeta aparece mais perto da área e finaliza melhor, sem perder o passe vertical que sempre o distinguiu. O resultado é uma versão completa: define e prepara. ge

    Se 2019 foi o ápice coletivo, 2025 apresenta o ápice de autonomia: ele resolve partidas em contextos diversos, mantendo altíssima eficiência quando o jogo pede frieza. Isso, no fim, é o que separa ótimos de decisivos. ge

    Por tudo isso — números que mudam placar, marcos históricos de assistência e consistência multi-temporada — a resposta cabe em uma linha: ninguém no país entrega tanto, por tanto tempo, em tantos cenários quanto Arrascaeta.

    2019 x 2025 — números comparativos (até 16/09/2025)

    Métrica20192025*
    Gols na temporada1818
    Gols decisivos (empate/desempate)1112
    Aproveitamento do Fla quando foi decisivo80,7% (14V-4E-1D)81,2% (12V-3E-1D)
    Participações decisivas (gols+assist.)2016
    Participações totais (gols+assist.)3731
    Participações no Carioca54
    Participações no Brasileiro2723
    Participações na Libertadores42
    Participações no Mundial12

    * 2025 até a publicação da análise. Fontes: comparativo oficial do ge com recorte de gols e assistências por circunstância e torneio. ge

    Referências-chave: igualou 18 gols de 2019; saldo em gols decisivos e aproveitamento; totais e recorte por torneio; maior garçom do Brasileirão;

  • Bruno Henrique: 3 Impactos para o Fla em 2025

    Bruno Henrique: 3 Impactos para o Fla em 2025

    O caso Bruno Henrique saiu do “talvez” para o “vai mexer com a temporada”. Em 4 de setembro, o atacante foi condenado pela 1ª Comissão do STJD a 12 jogos de suspensão e multa de R$ 60 mil por ato contrário à ética desportiva (caso do cartão contra o Santos, em 1/11/2023). A decisão ainda não é definitiva. ge+2Migalhas+2

    No sábado (13/9), o Flamengo obteve efeito suspensivo: BH está liberado para jogar enquanto o recurso não é julgado pelo Pleno — sem data definida. O próprio clube confirmou a vitória jurídica. ge+2CNN Brasil+2

    A seguir, o que isso muda no Flamengo de 2025.

    1) Campo e bola: o desenho do ataque com (e sem) BH

    Com efeito suspensivo, Filipe Luís ganha seu ponta de profundidade favorito de volta: amplitude à esquerda, ataque à segunda trave e pressão pós-perda com arrancada. Sem BH, a engrenagem muda: mais circulação curta, menos transição longa, e os minutos de ponta passam a ser redistribuídos (ajustes de papel para quem parte do lado esquerdo e diagonais para dentro). Em recente coletiva, o técnico reforçou foco e compromisso do grupo — sinal de que a ideia de jogo segue estável apesar do turbilhão. ge

    Se o Pleno mantiver a pena, o timing vira tema central: 12 jogos podem significar um enxugamento forte de opções justamente em sequência pesada de Brasileirão ou, a depender do calendário e da execução da decisão, empurrar impacto para o início do próximo ciclo competitivo. Enquanto isso não acontece, a prioridade tática é aproveitar a presença de BH ao máximo, administrando carga física e minutos de quem disputa a faixa do campo com ele. (Decisão final ainda pendente no Pleno.) ge

    2) Calendário e regulatório: onde a suspensão “pega”

    Há um ponto técnico importante: se a pena for confirmada, a regra é cumprir os 12 jogos na mesma competição do caso — o Brasileirão. Para estender a outras competições (especialmente internacionais), a Procuradoria teria de provocar o Pleno. Traduzindo: o impacto primário é doméstico; fora do país, só com movimento jurídico adicional. LANCE! Futebol e Esportes+1

    Na Libertadores, a expectativa noticiada é de normalidade de escalação enquanto a decisão não transita em julgado no âmbito adequado — reforçando que cada torneio tem seu caminho processual. ESPN.c

    3) Institucional e imagem: governança, vestiário e mercado

    O caso foi arquivado no STJD em novembro de 2024 por falta de elementos na época — com relatório da Sportradar não apontando irregularidades —, mas ganhou novo corpo após investigações da PF/MP e alertas de integridade. Em 2025, isso desembocou na condenação em 1ª instância. Ou seja: não é “assunto novo”, e sim um dossiê que amadureceu juridicamente. ge+1

    Para o vestiário, vale a mensagem institucional: o clube manifestou apoio e buscou o efeito suspensivo, reduzindo ruído competitivo enquanto o mérito vai ao Pleno. Porta adentro, o recado é de foco enquanto a área jurídica trabalha; porta fora, é hora de reforçar protocolos de integridade para blindar elenco e marca em um ambiente cada vez mais sensível a apostas. Flamengo

    Linha do tempo essencial

    • 01/11/2023 — Jogo vs. Santos; lance que gera suspeita. ge
    • 05/11/2024 — STJD arquiva a investigação por falta de elementos, sem prejuízo de reabertura. ge
    • 04/09/2025 — 1ª Comissão do STJD condena BH: 12 jogos + R$ 60 mil de multa. Recurso anunciado. ge
    • 13/09/2025Efeito suspensivo concedido; BH liberado até julgamento no Pleno. ge+1
  • Juventude 0 x 2 Flamengo – Brasileirão pela rodada 23.

    Juventude 0 x 2 Flamengo – Brasileirão pela rodada 23.

    Flamengo venceu o Juventude por 2–0 no Alfredo Jaconi, pela 23ª rodada do Brasileirão. Gols de Arrascaeta (32’) e Emerson Royal (87’). Controle territorial do início ao fim. ESPN.com

    A ESPN registra posse de 73,6% para o Flamengo, com 13 finalizações (4 no alvo) contra 6 (1 no alvo) do Juventude — fotografia fiel do jogo. ESPN.com

    Estruturalmente, o Fla atuou no 4-2-3-1, com meias em altura alternada e laterais agressivos para formar superioridade nos corredores. O próprio box score da ESPN lista o desenho tático. ESPN.com

    Ofensivamente, o time construiu por dentro para atrair e acelerar por fora. O 1–0 nasce após sequência de controle e chegada de Arrascaeta à zona de finalização; o 2–0 coroa a amplitude de Royal. ESPN.com

    Defensivamente, a equipe permitiu apenas um chute no alvo e cedeu pouco espaço entrelinhas. Mesmo com 7×6 em escanteios, a área foi bem protegida e Rossi trabalhou pouco. ESPN.com

    A escolha de começar com Allan foi declaradamente estratégica por Filipe Luís: “Minha opção pelo Allan hoje foi estratégica pelo plano de jogo.” ge

    Melhores Momentos

    O treinador também valorizou o nível do elenco: “Foi um nível muito alto de treinamento… é um grupo que quer fazer história.” A consistência vista em Caxias do Sul espelha essa fala. ge

    Sobre gestão de peças, Filipe destacou a forma de Saúl: “Estamos vendo o melhor Saúl… está em um nível altíssimo.” A leitura tática e a entrega física apareceram no controle do meio. ge

    Compromisso no projeto: “Não era o momento… tenho compromisso com esses jogadores e este clube.” O discurso casa com a performance madura em jogo de tabu histórico no Jaconi. ge

    Contexto histórico: a vitória encerra jejum quase 30 anos do Fla no estádio e mantém a liderança com folga — marco simbólico para um time de rotinas e ideias consolidadas. ge

  • “Mengão é Nação” — quando a arquibancada exige lugar no Mundo

    “Mengão é Nação” — quando a arquibancada exige lugar no Mundo

    A música “ONU Mengão é Nação”, de autoria de Leandro Oliveira (Som do Mengão), nasce como um hino de reivindicação cultural, não só um canto de arquibancada. É a trilha sonora de uma tese ousada: a de que o Flamengo excede o futebol e se apresenta como fenômeno sociocultural com ambição de reconhecimento internacional.

    O refrão “Ô ONU, pode escutar” é provocação calculada. Convoca uma instituição global a ouvir a rua brasileira — e, de quebra, transforma burocracia em narrativa popular. É a arquibancada pedindo a palavra no plenário.

    Quando o verso evoca Zico como “Rei” e um “Imperador” para comandar, não é só homenagem: é construção de mitologia. A canção articula heróis, feitos e memória, do Maracanã ao planeta, como quem monta um dossiê afetivo de patrimônio imaterial.

    A cifra “mais de quarenta milhões” funciona como argumento político. Em cultura, volume vira evidência: número não é só estatística, é legitimidade social. Quem ousa ignorar um coro desse tamanho?

    Há também anticorpos na letra. “Se disser não, nada vai mudar” admite que chancela é detalhe diante da prática social. A polêmica é parte do plano: o Flamengo questiona se o selo precisa se curvar ao fato cultural — e não o contrário.

    Musicalmente, a cadência é típica de canto de massa: repetição, slogans, pausas para o grito explodir. É design emocional. A canção foi feita para ser cantada, filmada, viralizada — e, claro, para incomodar quem acha que futebol deve ficar no seu canto.

    O verso “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo” liga presente e tradição. Não é só nostalgia; é rito de passagem entre gerações. Isso, sim, é linguagem de patrimônio: práticas, símbolos, costumes que o tempo consagrou.

    Críticos dirão que há megalomania e marketing. Há mesmo — e daí vem a força. A canção não disfarça ambição; assume que quer palco global para uma identidade que já é global no cotidiano.

    Também há política pública nas entrelinhas. Ao traduzir paixão em demanda por reconhecimento, a música pressiona a gramática oficial do patrimônio a considerar torcidas como comunidades culturais legítimas, com seus rituais, cantos e heróis.

    No fim, “ONU Mengão é Nação” é manifesto. Se a instituição escuta ou não, a canção já cumpriu seu papel: organizou a emoção em tese, fez a tese virar pauta, e recolocou o futebol no centro do debate cultural — onde ele sempre esteve, queiram ou não.

  • “A ONU vai encarar a Nação?” — a cruzada do Flamengo por “patrimônio cultural” divide o país

    “A ONU vai encarar a Nação?” — a cruzada do Flamengo por “patrimônio cultural” divide o país

    O Flamengo não anunciou só uma campanha; anunciou uma ambição: transformar a Nação Rubro-Negra na primeira “Nação simbólico-cultural” reconhecida por um órgão da ONU. A meta foi apresentada em 9 de setembro, com Zico como porta-voz em pronunciamento no Maracanã e um pedido de engajamento por meio de petição oficial — um gesto calculado para ocupar a agenda pública, o noticiário e, claro, os corações da torcida de 45 milhões. O clube fala em validação internacional de um fenômeno que já se manifesta “no Brasil e no mundo”, e convoca a massa a assinar em peso. ge+2Flamengo+2

    Há, porém, um detalhe institucional que torna a iniciativa polêmica por natureza: a ONU, como sistema, não opera um “selo” para torcidas ou marcas esportivas. O reconhecimento formal de “patrimônio cultural” no âmbito das Nações Unidas acontece sobretudo via UNESCO, em listas específicas como Patrimônio Mundial (sítios) e Patrimônio Cultural Imaterial (práticas e expressões culturais) — categorias pensadas para bens culturais, não para clubes de futebol. Ao cravar que busca algo “ainda que em caráter simbólico”, o Flamengo já admite que está fora do trilho clássico dos mecanismos de chancela cultural. Patrimônio Cultural Imaterial da UNESCO+2UNESCO+2

    O contexto doméstico ajuda a entender a ousadia. Em 17 de julho de 2025, o Estado do Rio de Janeiro sancionou a Lei 10.888/2025, declarando o clube “patrimônio histórico, cultural e imaterial” do estado. Ou seja, o Fla chega a setembro com um carimbo político-cultural recente, que dá musculatura simbólica à campanha global — e fornece munição para o discurso de que o clube “ultrapassa o esporte”. É escada perfeita para tentar internacionalizar um reconhecimento que já conseguiu no nível estadual. ge

    Do ponto de vista de posicionamento, a ação é cirúrgica. Veículos do mercado publicitário registraram que a campanha foi criada pela Artplan, com estratégia de conteúdo da Quintal, mirando ampliar a percepção da marca Flamengo como ativo global e dialogar com “cases internacionais” de cultura e esporte. É o Fla consciente de seu tamanho — e usando uma moldura institucional (ONU) para maximizar alcance, imprensa espontânea e, principalmente, orgulho de pertencimento. É provocação com método. propmark

    Os números iniciais contam a seu favor. Em 72 horas, a direção já falava em meio milhão de assinaturas e estabeleceu a meta de 1 milhão, com picos de 3,6 assinaturas por segundo no primeiro dia. Somou ainda 21 milhões de visualizações em sete reels no Instagram e um chat do YouTube com 560 mensagens por minuto no lançamento. É tração que qualquer campanha institucional inveja — e que reforça o objetivo declarado de “tornar visível” a identidade rubro-negra para além das quatro linhas. Poder360

    Mas “simbólico” não significa “inquestionável”. Especialistas de mídia esportiva divergiram em rede nacional: em debate na ESPN, Osvaldo Pascoal chamou a ideia de “sacada de marketing espetacular” e negou qualquer pretensão de “soberania”; André Plihal reagiu com ceticismo — “ser considerado pela ONU uma Nação… ah, não é?” — por enxergar risco de soberba e efeito cascata no futebol. Zé Elias mostrou reserva (“se a moda pega…”), enquanto Zinho, ex-jogador do Fla, apoiou. O saldo: a própria natureza da proposta — entre o lúdico e o institucional — alimenta a controvérsia. Netfla

    A crítica não veio só da cabine de transmissão. Em emissoras regionais, comentaristas como Luiz Gama (Rádio Bandeirantes Goiânia) atacaram a postura do clube, julgando exagerada a tentativa de colar o selo de “Nação” a um trâmite associado a relações internacionais. É a reação esperada quando um clube testa fronteiras do futebol com linguagem de chancela diplomática — e justamente por isso a campanha viraliza: porque provoca. Instagram

    Do lado jurídico-institucional, há outra aresta: a dificuldade de encaixar uma torcida organizada — por maior e mais influente que seja — nas arquiteturas normativas do patrimônio cultural internacional. As listas da UNESCO descrevem processos, critérios e escopos que falam de tradições, saberes, expressões e lugares; não de entidades esportivas. O Flamengo tenta, então, um “atalho” narrativo: em vez de pedir inscrição de um bem cultural (p. ex., um rito, uma música, uma prática), pleiteia o reconhecimento de uma “nação afetiva” — um coletivo difuso, transnacional, cuja a ligação entre seus membros é a paixão. Como tese cultural, é potente; como procedimento, é heterodoxo. Patrimônio Cultural Imaterial da UNESCO

    É aqui que o debate fica bom — e incômodo. Se a ONU (ou algum de seus braços) ao menos acusar o recebimento dessa ideia, abre-se um precedente retórico para outros gigantes globais (de Boca a Real Madrid, de K-pop a Marvel) reivindicarem “nações simbólicas”. Talvez esse seja exatamente o ponto: não obter um selo que não existe, mas gerar uma conversa que só um colosso popular conseguiria provocar. A campanha, nesse sentido, já venceu: pautou imprensa, mobilizou base, tensionou fronteiras entre cultura popular, política e mercado — e expôs o desconforto de quem acha que futebol precisa “ficar no seu lugar”.

    Meu veredito: como política cultural, a ideia é uma performance; como estratégia de marca, é um golaço. O Flamengo costura um arco que vai da lei estadual de patrimônio à evocação de organismos multilaterais, produzindo um “efeito ONU” que legitima — para dentro e para fora — sua condição de fenômeno cultural brasileiro. Se a chancela formal vier? Improvável. Se precisa vir para a campanha cumprir sua promessa? Não. No jogo da cultura, a validação mais poderosa continua sendo a prática social — e, nisso, a Nação já é patrimônio há muito tempo. ge+1

    No fim, resta a pergunta que dá título a este texto: a ONU vai encarar a Nação? Talvez nem precise. O próprio desenho da ação revela que o objetivo não é burocrático, é simbólico: pressionar a gramática do patrimônio a reconhecer que torcidas também são comunidades culturais — com músicas, rituais, mitologias, heróis e um território emocional que atravessa fronteiras. Se a diplomacia não tem formulário para isso, o Flamengo inventou um: uma petição-manifesto com Zico à frente, milhões de cliques atrás e uma discussão que, goste-se ou não, já entrou para o arquivo da cultura popular brasileira.

  • Ceará 1×1 Flamengo — Brasileirão (03/08/2025, Castelão)

    Ceará 1×1 Flamengo — Brasileirão (03/08/2025, Castelão)

    Jogo duro em Fortaleza. Arrascaeta abriu o placar aos 37’, e Pedro Raúl empatou aos 67’. A atmosfera do Castelão é conhecida: calor, pressão e aquele barulho que acompanha até lateral. ESPN.com

    O Ceará armou bem as transições e empurrou o Fla para trás em momentos-chave. Ainda assim, o Rubro-Negro controlou posse (68,6%), distribuiu 14 finalizações e teve volume para matar o jogo antes do empate. Faltou a faísca final. ESPN.com

    Escalação do Flamengo (de acordo com UOL e complementos da transmissão): Rossi; Emerson Royal (Varela), Léo Ortiz, Léo Pereira, Alex Sandro; Jorginho (Allan), Evertton Araújo; Arrascaeta (Saúl), Gonzalo Plata (Victor Hugo), Samuel Lino (Juninho); Bruno Henrique. Um Fla mais móvel, com Arrasca alternando condução curta e passes para atacar as costas. UOL

    Melhores Momentos

    A partida oscilou: quando o Fla parecia pronto para o 0–2, o Ceará encontrou o gol em lance típico do Castelão — cruzamento venenoso e definição de centroavante. Daí em diante, controle, mas sem a punhalada final.

    Ironia saudável: o gramado estava tão “esticado” que parecia que alguém pegou uma cama elástica e montou no meio-campo. Cada passe vinha com bônus de suspense.

    Empate aceitável pelas circunstâncias, mas com gosto de “podia ser melhor”. Em pontos corridos, o triste é que toda meia-chance perdida vira cobrança na planilha e atrapalha o planejamento.