O Flamengo vive um momento de questionamento tático e queda de desempenho desde que perdeu Pedro, seu principal centroavante, por lesão. O camisa 9, referência técnica e emocional do elenco, vinha sendo decisivo em gols e movimentações ofensivas, mas sua ausência revelou um desequilíbrio preocupante no sistema montado por Filipe Luís. A produção ofensiva caiu quase 40% nas últimas quatro partidas, segundo levantamento interno do clube.
Desde a saída de Pedro, o Flamengo passou a marcar menos e a depender excessivamente de jogadas individuais de Arrascaeta e Everton Cebolinha. As triangulações rápidas e infiltrações, marca registrada da equipe, tornaram-se previsíveis, com o time apresentando mais posse de bola estéril do que efetividade no terço final. O problema é que o estilo do Flamengo foi moldado em torno de Pedro — um jogador que segura zagueiros, abre espaços e decide em um toque.
Pedro sofreu uma lesão muscular na coxa direita durante a partida contra o Estudiantes pela Libertadores. O departamento médico diagnosticou uma pequena ruptura fibrilar que exigiu tratamento intensivo e afastamento de cerca de três semanas. Apesar de já estar em fase de transição no Ninho do Urubu, o centroavante ainda não reúne condições ideais de jogo, e o clube optou por não forçar sua volta antes do clássico contra o Botafogo.
Sem ele, Filipe Luís precisou reinventar o ataque. Tentou Gabigol centralizado, mas o ex-titular do time ainda não reencontrou a forma ideal e teve dificuldade de cumprir a função de pivô. Luiz Araújo e Bruno Henrique chegaram a revezar como falsos 9, com movimentação constante para abrir defesas, mas o resultado foi um ataque que até produz volume, mas finaliza pouco e com baixa precisão.
A falta de Pedro também afeta o emocional do elenco. Jogadores como Arrascaeta e Gerson, que têm ótima leitura de espaço e costume de buscar o centroavante para tabelas, perderam o “alvo” ideal dentro da área. Isso fez o time recuar linhas e circular a bola com mais cautela, tirando o ritmo vertical que tanto assustava os adversários. Na prática, o Flamengo ficou mais previsível e menos letal.
Outro reflexo claro está nas bolas paradas. Pedro é um dos jogadores mais perigosos do elenco no jogo aéreo, tanto ofensiva quanto defensivamente. Sem ele, o aproveitamento de escanteios e cruzamentos caiu drasticamente. Filipe Luís chegou a admitir em coletiva que a equipe “precisa aprender a atacar de outras maneiras”, reconhecendo que o time ficou dependente demais da presença do camisa 9.
Nos bastidores, o clima é de confiança no retorno do artilheiro, mas com cobrança para que o treinador encontre alternativas. Testes com Matheus Gonçalves e Lorran como atacantes móveis não surtiram o efeito esperado. O jovem Lorran, inclusive, foi elogiado por movimentação e ousadia, mas ainda mostra imaturidade tática. A ausência de um substituto natural para Pedro expõe um erro de planejamento no elenco rubro-negro.
Enquanto isso, Filipe Luís tenta ajustar o posicionamento de Bruno Henrique e Everton Cebolinha para gerar mais diagonais e chutes de média distância. O treinador tem trabalhado variações com dois pontas abertos e um meia infiltrando como “falso centroavante”, algo inspirado em modelos europeus. A ideia é dar mais fluidez e reduzir a previsibilidade, mas a execução ainda não convenceu.

O torcedor, acostumado a ver o Flamengo empilhando gols, sente a diferença. Em redes sociais e nos estádios, as críticas giram em torno da lentidão e da falta de objetividade. Parte da torcida entende que o problema é momentâneo, enquanto outros cobram reforços para o setor ofensivo já pensando em 2026. A diretoria, por ora, mantém confiança no elenco e no retorno breve de Pedro como solução natural.
A volta do artilheiro é esperada para o fim de outubro, e internamente o Flamengo projeta que, com ele recuperado, o time volte a seu padrão de intensidade e eficiência. Até lá, Filipe Luís precisa provar que é capaz de vencer sem depender de seu principal goleador. O desafio não é apenas tático, mas simbólico: mostrar que o Flamengo tem identidade coletiva suficiente para resistir à ausência do seu camisa 9.


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